A odontologia é uma área que envolve diversas técnicas e procedimentos para manter a saúde bucal dos pacientes.
Uma das técnicas mais importantes é a realização de restaurações dentárias, que são utilizadas para reparar dentes danificados por cáries, fraturas ou desgaste.
A nomenclatura e classificação das cavidades é fundamental para a realização desses procedimentos, e é sobre isso que iremos falar neste artigo.
Sumário de conteúdo
Nomenclatura e classificação das cavidades: Superfícies dentais
As superfícies ou faces dos dentes podem ser dividas em: vestibular, lingual/palatal, mesial, distal e oclusal/incisal.
- A face vestibular é voltada para os lábios e bochechas.
- face lingual/palatal é voltada para o palato (arco superior) e língua (arcada inferior).
- A superfície mesial mantém contato com os dentes adjacentes e se encontra mais próxima da linha média.
- A superfície distal também mantém contato com os dentes adjacentes, porém é a mais afastada da linha média.
- A face oclusal/incisal é voltada para os dentes antagonistas, sendo chamada de oclusal nos dentes posteriores (pré-molares e molares) e incisal nos dentes anteriores (incisivos e caninos).
Nomenclatura e classificação das cavidades: Divisão em terços
A divisão em terços das faces dos dentes é uma forma marcar a localização e extensão da cavidade. As faces dos dentes podem ser dividas em três terços e em dois planos: vertical e horizontal.
- Horizontal: divide o dente em três partes: cervical (próxima à gengiva), médio e oclusal/incisal;
- Vertical face vestibular e lingual: divide o dente em três partes: mesial, médio e distal;
- Vertical face mesial e distal: divide o dente em três partes: vestibular (voltada para os lábios ou bochechas), médio e lingual/palatino (voltada para a língua ou o palato).
Além disso, a superfície oclusal apresenta estruturas próprias como cristas marginais, vertentes lisas e triturantes, arestas verticais e horizontais e sulcos principais e secundários, que também são importantes para a identificação das regiões dentárias e execução de procedimentos.
Nomenclatura e classificação das cavidades: Partes constituintes das cavidades
As partes que compõem as cavidades dos dentes estão explicadas a seguir:
- Paredes circundantes: que definem o contorno da cavidade e são nomeadas de acordo com a face envolvida (oclusal, mesial, distal, vestibular, lingual/palatal, ou cervical/gengival).
- Paredes de fundo: que correspondem às paredes internas da cavidade e nunca alcançam a superfície externa do dente. Essas paredes são nomeadas de acordo com sua posição em relação ao eixo longitudinal do dente, sendo chamadas de parede axial ou parede pulpar.
- Ângulos diedros: que são formados na intercessão entre duas paredes da cavidade e são nomeados de acordo com as paredes envolvidas.
- Ângulos triedros: que são formados pela junção de três paredes da cavidade e são nomeados de acordo com as paredes envolvidas.
- Ângulo cavossuperficial: que é formado entre a superfície externa do dente e a parede da cavidade e é considerado o limite da superfície externa com a borda da restauração.
- Profundidade: que está relacionada com as paredes de fundo da cavidade.
- Extensão: que está relacionada com as paredes circundantes da cavidade.
Nomenclatura e classificação das cavidades: quanto a extensão e complexidade
A denominação das cavidades quanto à complexidade refere-se ao número de faces envolvidas e à forma e extensão da cavidade. As cavidades podem ser classificadas em:
- Simples (1 face envolvida):
- Exemplo: cavidade oclusal em molares superiores/inferiores
- Composta (2 faces envolvidas):
- Exemplo: cavidade mésio-oclusal em molares superiores/inferiores
- Complexa (3 ou mais faces envolvidas):
- Exemplo: cavidade mésio-oclusal-distal em molares superiores/inferiores
Além disso, as cavidades também podem ser classificadas de acordo com a forma e extensão em:
- Intracoronárias (diretas ou indiretas – inlays):
- Limitam-se à mesa oclusal e podem envolver faces proximais, mas não vestibular e lingual.
- Exemplo: inlay na cavidade oclusal de um molar.
- Extracoronárias (diretas ou indiretas – overlays, onlays):
- Envolvem a coroa como um todo, incluindo as faces axiais e oclusais/incisais.
- Podem ser totais ou parciais, dependendo do grau de envolvimento da coroa.
Nomenclatura e classificação das cavidades: Classificações de Black
A classificação de Black é uma maneira de descrever as cavidades de cárie dentária com base em sua localização e extensão. As cavidades são classificadas em cinco tipos:
- Classe I: cavidades localizadas nas superfícies oclusais dos molares e pré-molares( nas regiões de cicatrículas e fissuras), e nas superfícies linguais dos incisivos e caninos;
- Classe II: cavidades localizadas nas superfícies proximais (mesial ou distal) dos molares e pré-molares;
- Classe III: cavidades localizadas nas superfícies proximais (mesial ou distal) dos incisivos e caninos, sem envolvimento da borda incisal;
- Classe IV: cavidades que afetam as superfícies proximais (mesial ou distal) dos incisivos e caninos, envolvendo também a borda incisal;
- Classe V: cavidades que afetam a superfície cervical dos dentes.
Essa classificação é útil na determinação do tipo de restauração necessária para tratar uma cavidade dentária, bem como no planejamento de tratamentos preventivos para evitar a progressão da cárie.
Nomenclatura e classificação das cavidades: Princípios cavitários clássicos
Os sete princípios cavitários clássicos foram formulados por Black em 1908, e devem ser seguidos para a realização de um preparo cavitário adequado.
São eles: forma de contorno, forma de resistência, forma de retenção, forma de conveniência, remoção de dentina cariada remanescente, acabamento das paredes de esmalte e limpeza da cavidade.
Forma de contorno: consiste em definir o contorno da lesão a ser tratada e delimitar o preparo cavitário removendo todo o esmalte sem suporte dentinário, com a remoção realizada em alta rotação, usando brocas 329, 330 ou 245.
Forma de resistência: visa garantir que as paredes da cavidade resistam sem fraturar. Para isso, a abertura vestibulolingual não deve ser superior a 1/3 do volume da coroa do dente, e as paredes vestibular e lingual da caixa proximal devem convergir para oclusal, com paredes circundantes paralelas e perpendiculares à parede pulpar.
Forma de retenção: tem como objetivo evitar o deslocamento do material restaurador. As retenções podem ser friccionais ou adicionais, dependendo da cavidade preparada.
Forma de conveniência: visa tornar o preparo cavitário mais fácil de ser realizado, facilitando o trabalho do cirurgião-dentista. O isolamento absoluto é um exemplo desse processo.
Remoção de dentina cariada remanescente: consiste em remover toda a dentina cariada, preservando o tecido sadio.
Acabamento das paredes de esmalte: tem como objetivo deixar as paredes lisas e uniformes.
Limpeza da cavidade: visa garantir que a cavidade esteja livre de resíduos e sujeira.
Referencias:
ILVA, Adriana Fernandes da; LUND, Rafael Guerra. Dentística restauradora: do planejamento à execução. Rio de Janeiro: Santos, 2016.
Amei os Conteúdos, Muito Obrigada Pelo Aprendizado.