uso de fluoretos na odontologia

Uso de Fluoretos na Odontologia: Prevenindo a Cárie e Promovendo a Saúde Bucal

A cárie dentária é uma das doenças bucais mais comuns e prevalentes em todo o mundo. Felizmente, a odontologia possui uma poderosa ferramenta para preveni-la: os fluoretos.

Neste artigo, vamos explorar em detalhes o uso de fluoretos na odontologia, desde sua composição e ação nos dentes até as diferentes formas de aplicação.

Aprenderemos sobre a fluoretação da água, o uso de pastas dentais e enxaguantes bucais com flúor, a aplicação tópica e também a importância de seu uso consciente para evitar a fluorose dentária.

Uso de Fluoretos na Odontologia: História, Aplicações e Benefícios

A história da utilização de fluoretos na odontologia é repleta de descobertas e avanços que revolucionaram a prevenção da cárie dentária e a promoção da saúde bucal. Desde suas origens até as práticas modernas, os fluoretos têm desempenhado um papel crucial no cuidado dentário.

Tudo começou no início do século XX, quando pesquisadores observaram que algumas comunidades apresentavam menos cáries que outras.

Essa observação levou à descoberta de que altos níveis de flúor na água estavam associados a menores índices de cárie dentária.

A partir desses achados, a fluoretação da água surgiu como uma medida de saúde pública eficaz para prevenir a cárie e fortalecer os dentes.

Com o sucesso da fluoretação da água, novas aplicações de fluoretos foram desenvolvidas na odontologia moderna.

Pastas dentais e enxaguantes bucais com flúor se tornaram parte essencial da rotina de higiene bucal, contribuindo para remineralização do esmalte e proteção contra cárie.

Em todo o mundo ocidental foi crescente a incorporação do flúor aos dentifrícios no terço final do século XX, tendo o poder de prevenção a cárie em torno de 20 a 40%.

Uso de Fluoretos na Odontologia:

Composição do Esmalte Dentário

O esmalte dentário é a camada mais externa e dura dos dentes. Ele cobre a coroa do dente, fornecendo proteção contra desgaste e danos.

O esmalte é composto principalmente por hidroxiapatita, uma forma cristalina de fosfato de cálcio, que é extremamente resistente e confere a característica dureza ao dente.

Além disso, o esmalte contém pequenas quantidades de água e outras substâncias orgânicas, como colágeno, que contribuem para sua flexibilidade.

Composição da Dentina

Logo abaixo do esmalte, encontra-se a dentina, um tecido duro e poroso que constitui a maior parte da estrutura do dente.

A dentina é composta principalmente por hidroxiapatita, assim como o esmalte, mas em uma proporção menor. Ela também contém colágeno, que é responsável por sua resistência e elasticidade.

A dentina possui túbulos microscópicos que se estendem da polpa dentária até a superfície do dente, permitindo a comunicação entre o interior e o exterior do dente.

Papel do Flúor na Fortificação dos Dentes

O flúor desempenha um papel fundamental na fortificação dos dentes, atuando diretamente na estrutura do esmalte e da dentina.

Quando ingerimos fluoretos, seja através da água fluoretada, de alimentos ou de produtos de higiene bucal, esses compostos são incorporados aos tecidos dentários durante o processo de formação do dente, que ocorre principalmente durante a infância.

Quando o flúor está presente na matriz do esmalte durante a sua mineralização, ocorre a substituição de íons hidroxila por íons flúor, formando a fluoroapatita.

A fluoroapatita é mais resistente à desmineralização ácida causada pelas bactérias presentes na placa bacteriana, tornando o esmalte mais resiliente e menos suscetível ao desenvolvimento de cárie.

Além disso, o flúor presente na saliva também auxilia na remineralização dos dentes. Quando o pH da boca está ácido, devido ao consumo de alimentos ricos em açúcar, por exemplo, ocorre a desmineralização do esmalte.

Nesse momento, o flúor da saliva ajuda a repor os minerais perdidos, promovendo a remineralização e restaurando a integridade do esmalte dentário.

O flúor também atua na inibição da atividade das bactérias que causam a cárie. Ele interfere no metabolismo desses micro-organismos, inibindo a produção de ácidos que atacam os dentes.

Dessa forma, o flúor não apenas fortalece os dentes, mas também reduz o risco de desenvolvimento de cárie.

Composição da saliva e sua relação com o flúor

A saliva é um fluido oral essencial para a saúde bucal. É composta por água, eletrólitos, enzimas e proteínas. Além disso, contém íons de flúor, provenientes da fluoretação da água e da dieta.

Os íons de flúor presentes na saliva têm um papel importante na proteção dos dentes. Quando a saliva está enriquecida com fluoretos, ela se torna um agente protetor contra a desmineralização ácida e auxilia na remineralização do esmalte dentário.

A relação entre os fluoretos presentes na saliva e a estrutura dental é fundamental para a resistência dos dentes à cárie. A constante presença desses íons na boca cria uma barreira protetora contra os ataques ácidos das bactérias, ajudando a preservar a integridade dos dentes.

Uso de Fluoretos na Odontologia: Fluoretação da água

A fluoretação da água é uma das praticas mais comum de uso de fluoretos na odontologia quando se fala de saúde pública, e é amplamente adotada em diversos países. Consiste na adição controlada e segura de fluoretos à água potável em níveis recomendados pelas organizações de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde.

A concentração do flúor deve ser ajustada a um teor, variando entre 0,7 e 1,2 mg/L, sua variação deve ser feita com relação ao clima.

Quanto maior a temperatura maior a quantidade de água ingerida e, consequentemente, maior a quantidade de fluoreto absorvida. Em temperaturas mais amenas, menor a quantidade de água ingerida e, portanto, maior a quantidade de fluoreto deverá ser adicionada á água.

A água fluoretada desempenha um papel fundamental na prevenção da cárie dentária, especialmente em comunidades com acesso limitado a cuidados odontológicos.

A ingestão regular de água fluoretada fortalece o esmalte dentário e reduz significativamente a incidência de cáries em crianças e adultos.

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Média das temperaturas máximas diárias do ar e limites recomendados de fluoretos

Pastas Dentais e Enxaguantes

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Dentifrício Fluoretado e Exaguante bucal Colgate

Os enxaguantes bucais estão associados a uma redução de 30% nos indices de cárie. Possui uma boa relação/custo beneficio quando usado corretamente.

Atualmente indica-se o uso apenas para grupos de alto risco de cárie dentária, devido ao uso disseminado de dentifrícios fluoretados.

Já as pastas de dente ou dentifrícios fluoretados, são a forma mais comum e usada de autoadministração tópica de fluoretos no mundo.

Atualmente há no mercado produtos que podem proporcionar diferentes benefícios, como para remoção de manchas, branqueamento, proteção contra o mau hálito, entre outros.

Ao escolher pastas dentais e enxaguantes bucais com flúor, é importante considerar algumas características essenciais:

  • Concentração de Flúor: Verifique a quantidade de flúor presente nos produtos. Para a maioria dos adultos, pastas dentais com concentração de flúor entre 1000 a 1450 ppm (partes por milhão) são recomendadas.
  • Indicação: Existem pastas dentais e enxaguantes bucais específicos para diferentes necessidades, como sensibilidade dentária, proteção contra cáries, controle de tártaro, entre outros.
  • Selos de Qualidade: Opte por produtos que possuam selos de qualidade e aprovação de órgãos competentes, como o Selo da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) e o Selo de Aprovação da American Dental Association (ADA).
  • Instruções de Uso: Verifique as instruções de uso do fabricante, especialmente em relação à quantidade adequada a ser utilizada e a frequência recomendada para a escovação e uso do enxaguante bucal.

Aplicação Tópica de Fluoretos pelo Profissional

A aplicação tópica de fluoretos pelo profissional é uma estratégia eficaz para fortalecer os dentes e prevenir a cárie dentária em crianças e adultos.

Essa técnica consiste na utilização de produtos com alta concentração de flúor, aplicados diretamente nos dentes pelo dentista ou profissional de saúde bucal. Vamos explorar as principais técnicas de aplicação, suas indicações e benefícios para a saúde bucal.

Verniz de Flúor

O verniz de flúor é uma substância líquida e pegajosa que contém alta concentração de flúor. Ele é aplicado diretamente na superfície dos dentes com o auxílio de um pincel ou aplicador específico.

Sua principal vantagem é a adesão forte ao esmalte, liberando gradualmente o flúor para proteção contínua.

É eficaz na prevenção de cáries, especialmente em áreas de difícil acesso e em pacientes de alto risco. Além disso, fortalece o esmalte, tornando-o mais resistente à desmineralização ácida causada pelas bactérias.

O verniz é seguro quando usado corretamente e é uma opção preferencial para muitos profissionais na prevenção de cáries e promoção da saúde bucal.

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Verniz de Flúor

Gel de Flúor

O gel de flúor é aplicado em moldeiras personalizadas, que são encaixadas nos dentes do paciente. O gel deve ser mantido na boca por alguns minutos, permitindo que o flúor penetre no esmalte dentário e o fortaleça.

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Gel de Flúor

O flúor fosfato acidulado (FFA) é um gel frequentemente usado na prática clínica devido à sua reatividade com o esmalte dentário. Além do FFA, existem outras opções no mercado, como o NaF 2% neutro e o SnF2 2%.

A frequência de aplicação depende do risco de cárie do paciente, variando de uma a quatro vezes ao ano. Em pacientes de baixo risco, o consumo de água fluoretada e o uso regular de creme dental com flúor são suficientes para proteção adequada.

Espuma de Flúor

A espuma de flúor é outra opção de aplicação tópica. Ela é colocada em moldeiras e inserida na boca, expandindo-se e preenchendo todo o espaço entre os dentes. A espuma de flúor também permite que o flúor seja liberado gradualmente para proteger os dentes.

São produtos disponibilizados mais recentemente no mercado e possuem uma composição parecida com à do gel de FFA. Por serem menos densas, são consideradas ainda mais seguras, pois utiliza-se uma menor quantidade de fluoreto.

Uso de Fluoretos na Odontologia
Comparação entre métodos de aplicação tópica pelo profissional

Toxicidade do Flúor

Riscos da Ingestão Excessiva de Flúor

Embora o flúor seja essencial para a prevenção da cárie dentária e fortalecimento dos dentes, é importante ter cuidado para evitar a ingestão excessiva dessa substância, pois pode levar à fluorose dentária ou a intoxicação.

A afirmação atribuída a Paracelsus, “Tudo é tóxico. A dose certa diferencia o veneno de remédio”, ilustra claramente o efeito do flúor em nosso organismo. Em pequenas quantidades, o flúor é benéfico e necessário para a saúde bucal, porém, em grandes quantidades, pode se tornar tóxico. Esse princípio de dose-resposta é um fenômeno comum na farmacologia.

Isso pode ocorrer de diversas formas, como o consumo de água fluoretada em excesso, a ingestão frequente de pasta dental com flúor por crianças muito novas e a utilização de suplementos de flúor sem orientação profissional.

Caso haja suspeita de ingestão de uma quantidade potencialmente tóxica de flúor, é fundamental agir rapidamente.

O tratamento de intoxicação por flúor pode incluir a indução do vômito ou o uso de produtos que se liguem ao flúor no organismo, como o leite, que ajuda a reduzir a absorção do flúor pelo corpo.

Orientações para Evitar a Fluorose Dentária

A fluorose é uma condição que afeta a aparência dos dentes, causando manchas brancas, amareladas ou até mesmo marrons, além de danos na estrutura do esmalte.

A principal causa da fluorose dentária é a ingestão excessiva de flúor durante o período de formação dos dentes, que ocorre principalmente na infância.

Uso de Fluoretos na Odontologia
Fonte: https://www.ident.com.br/rodrigo_of/artigo/218-fluorose-dentaria

Para prevenir a fluorose dentária, é importante seguir algumas orientações:

  • Supervisão dos Pais: Os pais devem supervisionar o uso de produtos com flúor pelas crianças, como pastas dentais e enxaguantes bucais. É recomendado utilizar apenas uma quantidade pequena de pasta dental com flúor para crianças abaixo de 6 anos, equivalente ao tamanho de um grão de arroz cru, e garantir que elas não engulam o creme dental durante a escovação.
  • Controle da Ingestão de Água Fluoretada: A fluoretação da água é uma medida de saúde pública reconhecida pela Organização Mundial da Saúde e por outras entidades como uma estratégia eficiente na prevenção da cárie dentária. No entanto, é importante verificar a concentração de flúor na água da região e, caso seja alto, procurar outras fontes de água para evitar a ingestão excessiva de flúor.
  • Orientação Odontológica: O dentista é o profissional capacitado para orientar sobre o uso adequado de produtos com flúor e a ingestão controlada dessa substância, especialmente para crianças e pacientes em risco de desenvolver a fluorose dentária.
  • Evitar Suplementos de Flúor sem Orientação Profissional: A utilização de suplementos de flúor deve ser prescrita e orientada pelo dentista ou pediatra, especialmente em áreas com baixo teor de flúor na água.
  • Uso de Pastas Dentais sem Flúor para Crianças: Para crianças muito jovens, até que aprendam a cuspir adequadamente durante a escovação, é recomendado o uso de pastas dentais sem flúor ou com concentração muito baixa.

Conclusão

O uso de fluoretos na odontologia é uma prática fundamental para a prevenção da cárie dentária e fortalecimento dos dentes.

A ação do flúor na estrutura do esmalte e da dentina torna os dentes mais resistentes à desmineralização ácida e inibe a atividade das bactérias causadoras da cárie.

A escolha adequada de pastas dentais e enxaguantes bucais com flúor, combinada com a orientação profissional, contribui significativamente para a saúde bucal e a prevenção de doenças.

Como futuros profissionais de odontologia, é nosso papel conscientizar e educar os pacientes sobre a importância do uso correto de fluoreto.

Referências

CALMON, Marcela Vieira. Fundamentos para Assistência Odontológica I. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. 192 p.

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